quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Por que trabalhar Questões Étnico- Raciais na Escola?

Dia 20 de novembro se aproxima e mais uma vez começam os professores e gestores da escola a preocupar-se com a semana da consciência negra. Mais uma vez ocorre a velha situação: se faz trabalho de um determinado tema somente nas datas comemorativas. Se discute Meio Ambiente, se reflete sobre questõs étnico-raciais, se fala sobre política nas escolas somente quando tem uma data que faça-nos "lembrar" que o tema é importante. Daí todos correm a buscar tarefas, sugerir pesquisas, realizar exposições de trabalhos e pronto! Estão trabalhados todos os temas.
O tema discriminação-racial não pode ser tratado somente no mês de novembro, época em que faz-se referências à consciência negra, assim como não devemos questionar os problemas dos índios só em abril nas proximidades ao dia do índio.
A questão discriminatória não pode passar despercebida pelos professores. Sobre isso nos diz Eliane Cavalheiro
"No cotidiano escolar, considerável parcela de profissionais da educação diz não perceber os conflitos e as discriminações raciais entre os próprios alunos e entre professores e alunos. Por esse mesmo caminho, muitos também não compreendem em quais momentos ocorrem atitudes e práticas discriminatórias e preconceituosas que impedem a realização de uma educação anti-discriminatória."
No semestre em que tivemos a interdisciplina Questões Étnico- Racias, fiz em minha escola a pergunta aos demais professores " Você percebe algum tipo de discriminação dentro da escola?" Todos, sem exceção responderam que não identificavam nenhum tipo de preconceito,que essa é uma história criada por alguns teóricos e pelos governos e que só reforçam a idéia de que negros são "coitadinhos" (relembraram a questão das cotas nas universidades).
Esse assunto traz muitas discussões, porém o que não para fazer é ficarmos em silêncio, não só porque existe a Lei no 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras nos estabelecimentos de Educação Básica, oficiais e particulares, mas também porque é ainda segundo Cavalheiro(2000)
"O silêncio escolar sobre o racismo cotidiano não só impede o florescimento do
potencial intelectual de milhares de mentes brilhantes nas escolas brasileiras, tanto de alunos negros quanto de brancos, como também nos embrutece ao longo de nossas vidas, impedindo-nos de sermos seres realmente livres 'para ser o que for e ser tudo' – livres dos preconceitos, dos estereótipos, dos estigmas, entre outros males".

REFERÊNCIAS:
CAVALLEIRO, Eliane S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. São Paulo: Contexto, 2000.

Nenhum comentário: